Normalmente vou correr junto ao Tejo, entre a Torre de Belém e Cais do Sodré, ou entre a Torre e as praias da linha, ou seja, o ponto de início de de fim é sempre o espaço relvado em frente ao Monumento aos Combatentes no Ultramar.
Quando olho para aquele monumento e vejo os nomes lá inscritos que morreram porque o Estado português os mandou combater para África, fico possuído de uma revolta imensa.
Milhares de jovens foram retirados das suas terras de origem, das suas profissões e foram enviados para combater em África. Cumpriram dois ou mais anos de combates e depois de regressarem (quem regressou) foram abandonados pelo Estado que os enviou para as suas terras de origem sem se preocupar com o seu estado emocional ou físico.
Esta guerra durou entre 1961 e 1974 e afectou directamente milhares de portugueses e indirectamente as suas famílias. O fim da guerra não significou o fim do sofrimento, muitos ficaram afectados psicologicamente e nunca foram tratados, nem o Estado se preocupou em ajudar ninguém quer por preconceitos ideológicos quer por manifesto desinteresse.
Cabe a todos nós obrigar o Estado a um reconhecimento, seja ele qual for, a todos os portugueses que foram envolvidos na guerra, às suas famílias e fazer uma justa homenagem aqueles que por lá ficaram.
Devemos encerrar, sem esquecer, este lado da nossa história, pois só assim podemos enterrar os fantasmas que nos perseguem.
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