sexta-feira, julho 11

O Estado da Nação

O debate de ontem no Parlamento foi importante, pois colocou mais uma vez em evidência a inexistência de uma alternativa política ao actual governo. Mas, como salienta, e bem, Medeiros Ferreira, a política regressou ao parlamento.
A política regressou ao parlamento, porque começam a ser evidentes as diferenças em algumas áreas entre o PS e o PPD/PSD.
Os neoliberais tomaram conta do principal partido da oposição, e a Dra. Manuela aos poucos vai perdendo o seu verniz social-democrata com que iniciou a liderança. Em pouco tempo, esta mudança de agulha é significativa. A nomeação do “guru” Relvas para o IPSD é apenas um sinal, mas um sinal importante.
Os estragos causados pela única aparição pública de MFL (entrevista à TVI) ainda se fazem sentir. Relembro o regresso ao “país de tanga”, a reclamação do fim do investimento público e uma frase arrasadora sobre a família. Desde esse momento que as elites tentam apagar este autentico barril de pólvora deixado pela entrevista.
No debate sobre o Estado da Nação, foi claro que o PPD/PSD recuou. Recuou em relação ao “país de tanga” e recuou em relação ao investimento público. Em relação a este, não foi capaz de identificar qual ou quais deveriam ser abandonados. Tomar decisões, implica, em alguns casos ser impopular. Nesta fase do ciclo político o partido da oposição não quer para si o ónus de ser impopular. Afirmou Paulo Rangel: “O PSD não está contra obras públicas em geral nem contra nenhuma em concreto". Menezes, que tinha prometido ficar calado, não resistiu e avançou com criticas à nova liderança.
O governo enfrentou este debate com um conjunto de medidas concretas de combate à crise, ajudando as famílias:
1. Habitação: Maior dedução das despesas com habitação em todos os escalões do IRS;
2. Transportes: Passes sociais mais baratos para os jovens até aos 18 anos;
3. IMI: Alteração do número de anos de isenção e alteração das taxas;
4. Acção Social Escolar: Aumento do número de beneficiários.
Tudo isto vai ser pago com a taxa sobre ganhos extraordinários das petrolíferas.
Contas feitas o saldo orçamental vai ser positivo em 20 milhões de euros, como reconhece o Público.
Começa a ser clara a linha de separação entre o PS e o PPD/PSD. O primeiro quer salvar o Estado Social como factor de coesão nacional, o segundo tudo fará para acabar com ele, agravando as desigualdades que diz combater. Significa tudo isto, que se vai iniciar o debate sobre as funções do Estado? Se assim for, este é um bom caminho.
Basta ler a imprensa de hoje, para se concluir que o debate correu bem ao governo, este não se deve resignar e tem a obrigação de manter, e de levar até ao fim, as reformas. O país agradece.

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