quarta-feira, junho 11

Olhar à esquerda

O Dr. Alegre tem acrescentado alguma coisa à esquerda? Será que o Dr. Alegre que foi um dos fundadores da democracia portuguesa, está disposto a ser a muleta do Dr. Anacleto?
Lembre-se a todos, que para o Dr. Anacleto a democracia não faz falta nenhuma, e o que interessa é a vanguarda do proletariado, organizada em torno do seu partido trotskista. Há coisas que nunca mudam. A luta do Dr. Anacleto contra o PS, não é de hoje, já vem de longe e não nos surpreende.
O que me surpreende é ver o Dr. Alegre ser guiado pelo Dr. Anacleto, nesta sua luta contra o PS. Ao longo dos anos, o BE nunca hesitou na utilização do ataque pessoal, e no que considera a sua superioridade moral, para atacar tudo e todos. Neste combate, tem-se cruzado, com aquele outro dirigente partidário, que também gosta de utilizar a sua suposta autoridade moral: o Dr. Portas. Estão bem um para o outro.
A esquerda precisa de um programa e de uma ideia mobilizadora. Este programa e esta ideia mobilizadora não virá de Alegre e muito menos do Anacleto. Estes estão mais interessados na esquerda do passado, do que na esquerda do futuro.
Ainda não há muito tempo, num debate realizado no Porto, o Dr. Alegre defendeu, se fosse caso disso, que se nacionalizassem os sectores estratégicos nacionais. Um modelo retirado do melhor que a América Latina tem dado ao mundo.
Será que o Dr. Alegre se dá conta do que diz? Quem diz o que ele disse, certamente que não.
A esquerda europeia está em dificuldades. A saída para a crise que se abate sobre a Europa não tem uma solução fácil, O aumento do petróleo, o aumento dos bens de consumo, a grande prioridade no combate à inflação e ao défice público, o fraco crescimento económico são variáveis de grande dimensão que têm colocado grandes desafios aos governos europeus.
Para alguns países, com almofadas orçamentais, a politica orçamental é uma forma de retomar o crescimento, para outros sem folga, a crise não pode ser resolvida pelo recurso a este instrumento.
Por isso a falta de propostas de Alegre e das “varias esquerdas” não me surpreende. O que surpreende é que um pequeno partido trotskista e um partido estalinista tenham mais de 20% dos votos dos portugueses (segundo sondagem recente). Este facto leva-me a pensar que a conquista desta parte importante destes votos vai implicar uma alteração do discurso e da prática do PS em alguns domínios. Não consigo eu, é ver quais.

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