domingo, fevereiro 1

O Freeport

Estive fora de Portugal seis dias. Só durante o dia de Sábado tomei contacto com algumas das noticias que têm saído nos jornais portugueses, bem assim como nos vários comentários existentes nos diversos Blogs.
Escrevi que achava estranho que este assunto tivesse vindo a público durante as últimas eleições e que, agora, quando entramos em novo ano eleitoral. Disse-o, e mantenho a estranheza pelo facto. Não há almoços grátis, e este parece-me um desses casos.
Os meus princípios são claros: todos inocentes até prova em contrário (bem sei que só se aplica a arguidos, o que não é o caso de José Sócrates), a favor do segredo de justiça que não coloque o nome de cada um nas “bocas do mundo” e por fim que não há intocáveis, todos somos iguais perante a lei.
Este assunto vai continuar a fazer o seu caminho, muito se vai escrever sobre ele. Não sei se o primeiro ministro vai sair bem ou mal desta novela, mas uma coisa tenho como certa: a justiça portuguesa vai sair mal de tudo isto e algum do pior jornalismo que existe por aqui.
Vamos por partes. A Justiça é o maior falhanço da democracia portuguesa. O acesso por parte dos cidadãos, a complexidade dos processos e os anos que levamos para concluir investigações e acusar cidadãos é uma vergonha nacional. A quebra sistemática do segredo de justiça, que coloca qualquer cidadão sob suspeita no tribunal de cada um dos portugueses é outra vergonha. De tudo isto, todos nos podemos queixar, quer aqueles que vêm o seu bom nome posto em causa, quer todos os outros que querem ter acesso à justiça e que não conseguem. Esta é uma das causas do nosso atraso.
Quanto ao jornalismo, a coisa vai de mal a pior. As audiências transformam qualquer jornal num pasquim, transformam bons em maus jornalistas e quem se recente é quem compra, quem lê e no fim de tudo, todos nós.
O Correio da Manhã de sábado tinha como titulo que a mãe de Sócrates tinha comprado uma casa em Lisboa, isto não é novidade já todos sabíamos. Então qual era a novidade: tinha comprado uma casa a pronto e tinha apenas 250 euros de rendimentos. Lendo um pouco melhor o que estava na noticia, chegava-se à conclusão que afinal a mãe de Sócrates vendeu uma casa em Cascais e comprou uma em Lisboa. Afinal não havia noticia, mas este não foi o critério do Correio da Manhã, não que eu queira interferir com o critério, mas tenho o direito de julgar a informação que me vendem.
Ferro Rodrigues diz-lhe alguma coisa? Paulo Pedroso diz-lhe algo?
É assim que estamos. Temos que esperar para ver qual o fim de tudo isto.

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