quinta-feira, outubro 11

Liberdade ameaçada?

A liberdade está ameaçada? Todos os dias ouvimos que sim, vindo dos mais diversos quadrantes políticos e sindicais.
O que faz unir forças tão diversas na luta por um ideal comum: a defesa da liberdade?
Vamos começar pelo príncipio, ou seja, vamos começar pelo primeiro mártir: Professor Charrua. Este foi o primeiro mártir, caído na defesa da liberdade de expressão, mas com um ligeiro pecado: insultou o primeiro-ministro e os portugueses no seu local de trabalho. Era professor requisitado a uma escola, saiu da DREN para essa mesma escola.
Depois do professor Charrua, veio o problema da ausência de liberdade no Centro de Saúde de Vieira do Minho onde estava um cartaz que insultava o ministro e que não foi retirado pela responsável do Centro. Com escrevi no devido momento, era como se uma caixa de um dos hipermercados do Eng. Belmiro coloca-se um cartaz contra o grupo Sonae. Mas claro, aqui estava a segunda mártir.
Passados uns tempos, tivemos a Directora do Museu de Arte Antiga, que no exercício da sua liberdade individual tinha uma política diferente da tutela, como era óbvio foi demitida, não por exercer um direito, mas porque como funcionária deve aplicar a política do ministério. Vai daí transformou-se na terceira mártir.
Nesta semana, mais dois casos: José Rodrigues dos Santos e a visita da polícia à sede do Sindicato dos Professores na Covilhã.
Vamos por partes: o caso José Rodrigues dos Santos, não é caso nenhum, mas a haver caso ele aterrou por inteiro no PSD, que continua calado sobre este assunto.
A visita dos polícias ao Sindicato é um caso preocupante, este sim que merece um apuramento de responsabilidades e devem ser tiradas as respectivas consequências do acto.
Perante tudo isto, a oposição e alguns líderes de opinião, dizem que a liberdade está ameaçada e que o governo mostra sinais de autoritarismo. Não me parece que seja o caso. Nos três exemplos apresentados estamos perante actos de natureza administrativa, o caso do jornalista da RTP é um não caso. Sobre a visita ao sindicato, ai sim o assunto é grave, e esperamos conclusões urgentes do processo que está a decorrer.
A oposição mostra-se indignada e há já quem pense numa moção de censura ao governo (Menezes), cavalgando a onda da indignação. Entretanto, a CGTP tem uma manifestação marcada para dentro de dias, e tudo lhe dá jeito para apelar à mobilização das hostes.
Deixando de lado esta discussão, os partidos refugiam-se no curto prazo, ignorando por completo o que deveria ser a grande discussão: Crescimento económico/Finanças Públicas/Funções do Estado.
Mas será que os partidos estão interessados neste tipo de discussão, ou estão somente focados na gestão dos interesses particulares, nas guerrilhas pessoais e no ataque puro e simples?
Os partidos estão em crise, a gestão corrente dos interesses não lhes dá margem para pensar no futuro e na criação de alternativas (na oposição) e quando estão no poder limitam-se em alguns casos a uma gestão clientelar do aparelho de Estado.
A liberdade não está em perigo, mas a ausência de discussão em torno dos objectivos nacionais coloca em risco o futuro. Focemos no essencial e deixemos o acessório de lado.

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