segunda-feira, março 10

Todo o poder à Escola

Todo o poder à escola! Este deve ser a palavra de ordem do governo e da sua ministra da educação.
Quem deve mandar nas Escolas são os professores, os utentes (estudantes), os encarregados de educação, as autarquias e o ME, não são com toda a certeza os sindicatos.
Devolver o poder à escola deve ser a prioridade número do governo. Esta prioridade vai ser bem entendida por todos, pois significa acabar com o poder que os sindicatos têm actualmente na gestão das escolas em Portugal.
A reforma da educação, a par com a reforma da saúde são as mais duras reformas da sociedade portuguesa. A segunda foi deixada pelo caminho com a saída de Correia de Campos (?), esperamos que a primeira não fique adiada para uma melhor oportunidade. Ninguém vaia perdoar ao governo, a este ou a outro qualquer, que não conclua duas das reformas mais estruturantes da sociedade portuguesa.
A questão do ensino é crucial para Portugal. Sem um sistema de ensino, que cumpra o seu papel de ensinar, de estimular, de dar ferramentas aos estudantes, não vamos longe como povo.
Dizer que os professores estão desmotivados porque hoje trabalham mais horas do que no passado, embora menos que outro trabalhador, ganhando mais que a média dos outros cidadãos é mera chicana politica.
Depois temos a avaliação, sempre a avaliação. Que não, porque não (dizem muitos, habituados a um sistema de progressão automática), que sim dizem alguns mas o problema é que não temos tempo para avaliar, outros dizem que o sistema de avaliação não é bom propondo logo de seguida abandonar qualquer sistema de avaliação.
Eu, como cidadão deste país estou quase em estado de choque. Os professores (alguns) declaram-se incapazes de avaliar os seus colegas. Os professores (alguns) reclamam que começaram a trabalhar mais na Escola (não é suposto os professores trabalharem nas Escolas?). Os professores (alguns) contestam uma nova lei de gestão que convoca os encarregados de educação e as autarquias para a gestão das Escolas.
Dirão alguns que existe um conjunto de direitos e privilégios que ao longo dos anos foram conquistados pelos professores e que este estão a reagir contra quem lhes está a retirar estes direitos. Não faltam à direita e à esquerda quem entenda que não se deve mudar nada, ou mudando deve-se mudar pouca coisa ou coisa nenhuma.
Não falta à direita e à esquerda quem entenda que se deve retomar o diálogo, mas já houve diálogo e não se avançou muito, porque quem está disponível para dialogar deve estar disponível para ceder, e esta não parece ser a vontade dos sindicatos dos professores.
Estas questões não podem ser entendidas como questões tácticas, devem ser entendidas como questões estruturantes. O governo não deve ficar prisioneiro da rua, sob pena de ficar para sempre dependente da vontade da rua.
Já não estamos em 1975, onde o PCP tomava a rua como sinónimo de poder, pelo menos até ao dia 25 de Abril de 1975. Quando o povo foi chamado a votar não houve dúvidas: a vanguarda da classe operária e as urnas de voto estavam de costas voltadas.
Podem alguma direita e alguma esquerda dizer que estamos perante a maior luta entre a classe média e o governo. Eu digo, estamos perante a maior luta entre um sistema de ensino virado para os seus destinatários e um sistema virado para os professores.

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