quarta-feira, dezembro 19

Liberdade e "olho electrónico"

Os portugueses estão a ser espreitados por todos os sítios, lugares e ângulos, e esta estrutura muito moderna, eficaz e internacional de "segurança" parece torná-los extremamente felizes e, até, levemente excitados. O olho electrónico quase se tornou numa expressão artística: possui todos os moldes, formas, cores e tamanhos. Nos bancos, nos elevadores, nos hospitais, nos bairros mais elegantes, nos corredores dos hotéis, nas repartições, nos Correios, à esquina, no cairel dos edifícios, nas auto-estradas e nas ruas, de dia e à noite, com aviso e sem aviso - lá está ele. Quem sabe se a vigília incide sobre os amores clandestinos, como no belíssimo poema de Daniel Filipe? Asseguram-me que, em breve, estará nos cemitérios. Não por causa dos habitantes; sim para dissuadir quem ouse profanar o pétreo sono dos mortos.
Este artigo de opinião do BB (Baptista-Bastos) está muito bem escrito (como tudo o que o BB escreve), pode ler a totalidade do artigo aqui.
Mas a questão que eu coloco é o seguinte: A liberdade está ameaçada pelo olho electrónico, mas não terá ainda mais ameaçada por aqueles que tudo fazem para acabar com ela?

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